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Casos, opiniões, natura e uso
Comentários: franzrosa@hotmail.com Rodrigo Rosa Grupo de Leitura de poesia Que coordeno: www.voxalta.blogspot.com Projetos em andamento: . Finalizaçao de livro de poesia . Traduçao de: El alma oblicua, de Vicente Cervera Salinas (Espanha) . Peça de Teatro sobre patrimônio de Sto amaro
terça-feira, 21 de junho de 2016
O Clown
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Crônica da vida privada
A CONSCIÊNCIA E O CÉU
Luanda disse-me que estava cansada, que não agüentava mais a quimioterapia e quatro horas de ônibus por dia.
Ela mora na periferia e tem de ir ao Hospital das Clínicas para realizar o tratamento.
Tem só dezenove anos.
“Tenho dois sonhos: ir a Campos do Jordão e ao Rio de Janeiro, nem que seja pra dormir na praia. O médico me proíbe de tudo, mas eu vou.”
Naquela manhã de sábado acordei sem ideal nem esperança, parafraseando Pessoa. Não me entusiasmava o trabalho e meus planos para o futuro pareciam fenecer. Sabia, no entanto, que aquilo era uma ilusão de ótica. A infinita vida se escondia em algum lapso meu. A abundante vida devia estar ali, ao meu lado, mas, por acomodação, não reconhecia seu vigor.
Aprendera, nos parcos anos de minha existência, que o ponto de vista define o objeto. Aprendera que meu viés define meu mundo; mesmo que esteja no arrabal del infierno, como escreveu Borges, posso desfrutar a paz, se tiver olhos para vê-la.
Decidira, então, naquele sábado, dedicar-me a alguém. A dedicação ao outro quebra a casca ilusória denominada eu. Baktin escreveu que a existência do “eu” é ilusória - não passa de uma criação afetada do Romantismo. Expandindo o eu, pensei, logro um novo viés, capaz de reviver ideais e renovar planos.
Dirigi-me, então, à casa de uma conhecida, a poucos metros de onde resido. Levei minha companheira, a guitarra espanhola, acendedora de ternuras e acalentos a corações cansados.
Apesar de minhas boas intenções, não fui bem recebido. Cheguei sem avisar em hora inoportuna: problemas familiares agitavam a tranquilidade doméstica. Por instantes pensei em desistir, desculpar-me e retirar-me. Entretanto, respirei fundo e pedi paciência a mim mesmo. Afinal, a desordem do mundo não precisa de desertores. Dessa maneira, mantive-me imperturbável, aguardando o momento em que seria ouvido – contudo descobri que, antes, necessitava ouvir.
Como dizia, ela tinha apenas dezenove anos, e já podia ser o fim. Assim contou-me sentando-se a meu lado, sem rogar compaixão ou compreensão. Disse-me do fim de sua história como cotidianamente lamentamos o adiamento de uma viagem no feriado. Tal ausência de sentimentalismo comoveu-me. Envergonhei-me. O que eu considerava como dificuldade até aquele momento tornou-se “sopa” - como gostava de referir-se Murilo Mendes ao que era fácil e simples.
Seus dois sonhos não eram impossíveis para mim. Na verdade, já se tornavam dispensáveis em minha gama de opções. Na semana anterior me haviam convidado para ir a Campos. Neguei, alegando compromissos inadiáveis. Compromissos, de fato, havia, mas o que impulsionou minha negativa foi a tonalidade burguesa daquela cidade, a qual me enfastiava de antemão. Quanto ao Rio, gostava da cidade na proporção inversa com que desgostava do trajeto para lá chegar. E recebera convites, insistentes e aconchegantes, de um grande amigo que lá reside; não obstante, minha acomodação não me permitira mover uma palha em favor de sua hospitalidade. Envergonhava-me conhecer os modestos sonhos de Luanda. O quanto eu tinha para agradecer e para me alegrar!
E ela tinha uma coragem, uma vontade de viver! Intimorata, era indiferente aos canos que lhe perpassavam o peito e veias. Seus cabelos caíam e por isso ornava-se com um elegante lenço. Eu tinha lá meus medos infantis – reconhecia-os assim naquele momento. Medo de perder o controle, medo de perder o juízo. Percebi que andava acolhido pela segurança de meu lar, de meu trabalho e de minha saúde.
Semanas atrás, um aluno meu tentara sacar a própria vida por motivos banais. Triste ingrato. Por que não foi visitar um paciente com câncer ou Aids? Por que não se aconchegou às história de um Manuelzão – personagem de Guimarães Rosa – que poderia ter sido abandonado em um asilo? Por que não acalentou um Miguilim, possivelmente esquecido em um orfanato? Por que não se permitiu conhecer a vida em seu limite, para avaliar a própria insensatez?
Luanda me ensinava a perceber. Ensinava-me a refletir. De fato, revirava meu viés engessado.
Ano passado fora visitá-la no Hospital do Câncer, recém inaugurado na Av. Dr. Arnaldo. Da elevada janela, avistei o céu da cidade. Ainda estava sob ele ou o transgredia? Curioso paradoxo, talvez síntese da vida neste mundo: do quarto de internação cancerígeno contemplei a mais linda vista da cidade; o verde e residencial Pacaembu estabelecia contraponto solene com os edifícios vizinhos. Lá do alto nossa cidade era serena e pacífica, tal como as fotografias de satélite tiradas da Terra: ainda é o lindo planeta água, donde tudo parece harmônico e fluido.
Sob o céu da cidade muitos são os vieses, os modos de ser e de sentir. Parece-me que quanto mais alto subirmos, mais ampla nossa visão e, por conseguinte, maior capacidade de ver harmonia, sentido e coerência na vida. Ao dedicar-me ao outro sinto que subi, expandi meu eu. Ao visitar a convalescente nas alturas de um edifício, dedicando afeto, encontrei a conjugação entre o que se elevava em meu interior e a harmonia da cidade em meu exterior.
Cedi a novo convite a Campos. Convidei Luanda e alegra-me o coração a possibilidade de que possa realizar seu sonho. Tenho despertado com ideal e esperança. É como se visse a cidade do alto, do céu, mesmo estando sob ele – pois o céu estende-se infinitamente, tanto quanto nossa consciência pode expandir-se.
Rodrigo da Rosa
Ela mora na periferia e tem de ir ao Hospital das Clínicas para realizar o tratamento.
Tem só dezenove anos.
“Tenho dois sonhos: ir a Campos do Jordão e ao Rio de Janeiro, nem que seja pra dormir na praia. O médico me proíbe de tudo, mas eu vou.”
Naquela manhã de sábado acordei sem ideal nem esperança, parafraseando Pessoa. Não me entusiasmava o trabalho e meus planos para o futuro pareciam fenecer. Sabia, no entanto, que aquilo era uma ilusão de ótica. A infinita vida se escondia em algum lapso meu. A abundante vida devia estar ali, ao meu lado, mas, por acomodação, não reconhecia seu vigor.
Aprendera, nos parcos anos de minha existência, que o ponto de vista define o objeto. Aprendera que meu viés define meu mundo; mesmo que esteja no arrabal del infierno, como escreveu Borges, posso desfrutar a paz, se tiver olhos para vê-la.
Decidira, então, naquele sábado, dedicar-me a alguém. A dedicação ao outro quebra a casca ilusória denominada eu. Baktin escreveu que a existência do “eu” é ilusória - não passa de uma criação afetada do Romantismo. Expandindo o eu, pensei, logro um novo viés, capaz de reviver ideais e renovar planos.
Dirigi-me, então, à casa de uma conhecida, a poucos metros de onde resido. Levei minha companheira, a guitarra espanhola, acendedora de ternuras e acalentos a corações cansados.
Apesar de minhas boas intenções, não fui bem recebido. Cheguei sem avisar em hora inoportuna: problemas familiares agitavam a tranquilidade doméstica. Por instantes pensei em desistir, desculpar-me e retirar-me. Entretanto, respirei fundo e pedi paciência a mim mesmo. Afinal, a desordem do mundo não precisa de desertores. Dessa maneira, mantive-me imperturbável, aguardando o momento em que seria ouvido – contudo descobri que, antes, necessitava ouvir.
Como dizia, ela tinha apenas dezenove anos, e já podia ser o fim. Assim contou-me sentando-se a meu lado, sem rogar compaixão ou compreensão. Disse-me do fim de sua história como cotidianamente lamentamos o adiamento de uma viagem no feriado. Tal ausência de sentimentalismo comoveu-me. Envergonhei-me. O que eu considerava como dificuldade até aquele momento tornou-se “sopa” - como gostava de referir-se Murilo Mendes ao que era fácil e simples.
Seus dois sonhos não eram impossíveis para mim. Na verdade, já se tornavam dispensáveis em minha gama de opções. Na semana anterior me haviam convidado para ir a Campos. Neguei, alegando compromissos inadiáveis. Compromissos, de fato, havia, mas o que impulsionou minha negativa foi a tonalidade burguesa daquela cidade, a qual me enfastiava de antemão. Quanto ao Rio, gostava da cidade na proporção inversa com que desgostava do trajeto para lá chegar. E recebera convites, insistentes e aconchegantes, de um grande amigo que lá reside; não obstante, minha acomodação não me permitira mover uma palha em favor de sua hospitalidade. Envergonhava-me conhecer os modestos sonhos de Luanda. O quanto eu tinha para agradecer e para me alegrar!
E ela tinha uma coragem, uma vontade de viver! Intimorata, era indiferente aos canos que lhe perpassavam o peito e veias. Seus cabelos caíam e por isso ornava-se com um elegante lenço. Eu tinha lá meus medos infantis – reconhecia-os assim naquele momento. Medo de perder o controle, medo de perder o juízo. Percebi que andava acolhido pela segurança de meu lar, de meu trabalho e de minha saúde.
Semanas atrás, um aluno meu tentara sacar a própria vida por motivos banais. Triste ingrato. Por que não foi visitar um paciente com câncer ou Aids? Por que não se aconchegou às história de um Manuelzão – personagem de Guimarães Rosa – que poderia ter sido abandonado em um asilo? Por que não acalentou um Miguilim, possivelmente esquecido em um orfanato? Por que não se permitiu conhecer a vida em seu limite, para avaliar a própria insensatez?
Luanda me ensinava a perceber. Ensinava-me a refletir. De fato, revirava meu viés engessado.
Ano passado fora visitá-la no Hospital do Câncer, recém inaugurado na Av. Dr. Arnaldo. Da elevada janela, avistei o céu da cidade. Ainda estava sob ele ou o transgredia? Curioso paradoxo, talvez síntese da vida neste mundo: do quarto de internação cancerígeno contemplei a mais linda vista da cidade; o verde e residencial Pacaembu estabelecia contraponto solene com os edifícios vizinhos. Lá do alto nossa cidade era serena e pacífica, tal como as fotografias de satélite tiradas da Terra: ainda é o lindo planeta água, donde tudo parece harmônico e fluido.
Sob o céu da cidade muitos são os vieses, os modos de ser e de sentir. Parece-me que quanto mais alto subirmos, mais ampla nossa visão e, por conseguinte, maior capacidade de ver harmonia, sentido e coerência na vida. Ao dedicar-me ao outro sinto que subi, expandi meu eu. Ao visitar a convalescente nas alturas de um edifício, dedicando afeto, encontrei a conjugação entre o que se elevava em meu interior e a harmonia da cidade em meu exterior.
Cedi a novo convite a Campos. Convidei Luanda e alegra-me o coração a possibilidade de que possa realizar seu sonho. Tenho despertado com ideal e esperança. É como se visse a cidade do alto, do céu, mesmo estando sob ele – pois o céu estende-se infinitamente, tanto quanto nossa consciência pode expandir-se.
Rodrigo da Rosa
segunda-feira, 19 de abril de 2010
O PRAZER QUE BUSCO
Da janela do meu quarto observo o que chamam de mundo. Acima projeta-se o que da astronomia assimilei. Abaixo, o que entendi da antropologia.
Da janela do meu quarto observo o mundo. Camadas e camadas de sentido. Eu já não me importo. Não vivo aqui. Aqui é um campo de trabalho, onde manipulamos e construímos. Nada daqui constitui a mim. Sou um ser distanciado disso tudo. A um passo sou distanciado, a outro, dou minha vida para construir algo duradouro. Esta vida não é minha. Utilizo um traje espacial e uma identidade que me deram para atuar neste mundo. Não ajo por minha própria força, não vivo por minha conta. Tudo é emprestado. Tudo é meu e nada me pertence. Tudo me é dado.
Em tudo busco o verdadeiro valor. Em tudo busco a verdade. Não sou um intelectual que busca o prazer no intelecto, o prazer do pensamento, que sem dúvida é o prazer individual mais elevado; não sou um artista, que busca o sentido e o prazer na experiência estética. Não sou um materialista, que busca o prazer e o sentido na matéria. Eu sou um ser espiritual que busca a Verdade, o Bem e o Belo. O prazer que busco é aquele da cosmogonia: quando me sinto Um com todas as pessoas e com a grande Vida. Este é, sem dúvida, o mais elevado prazer. Como consegui-lo? Vivendo para os outros, em favor dos outros, em benefício do todo e não de mim.
Da janela do meu quarto observo o que chamam de mundo. Acima projeta-se o que da astronomia assimilei. Abaixo, o que entendi da antropologia.
Da janela do meu quarto observo o mundo. Camadas e camadas de sentido. Eu já não me importo. Não vivo aqui. Aqui é um campo de trabalho, onde manipulamos e construímos. Nada daqui constitui a mim. Sou um ser distanciado disso tudo. A um passo sou distanciado, a outro, dou minha vida para construir algo duradouro. Esta vida não é minha. Utilizo um traje espacial e uma identidade que me deram para atuar neste mundo. Não ajo por minha própria força, não vivo por minha conta. Tudo é emprestado. Tudo é meu e nada me pertence. Tudo me é dado.
Em tudo busco o verdadeiro valor. Em tudo busco a verdade. Não sou um intelectual que busca o prazer no intelecto, o prazer do pensamento, que sem dúvida é o prazer individual mais elevado; não sou um artista, que busca o sentido e o prazer na experiência estética. Não sou um materialista, que busca o prazer e o sentido na matéria. Eu sou um ser espiritual que busca a Verdade, o Bem e o Belo. O prazer que busco é aquele da cosmogonia: quando me sinto Um com todas as pessoas e com a grande Vida. Este é, sem dúvida, o mais elevado prazer. Como consegui-lo? Vivendo para os outros, em favor dos outros, em benefício do todo e não de mim.
sábado, 10 de outubro de 2009
INOVAÇÃO DE BLOG
Hoje inauguro este novo blog com a intenção de que meus leitores travem verdadeiras lutas de discussão comigo. Minha batalha não é pequena,
pois travarei uma luta com o senso comum e também com o pensamento científico atual, em muitos aspectos. Gostaria que meus leitores me contestassem com sinceridade e, mais ainda, que superassem um pouco dos preconceitos do senso comum para adentrar no universo que proponho. A razão de minha escrita é a libertação das consciências e a construção de um conhecimento novo, verdadeiramente transformador.
Com certo orgulho, posso dizer que me aprofundei razoavelmente nas ciências humanas de nosso tempo, graças sobretudo à literatura, e que posso contestar muitos de seus aspectos com relativa autonomia. Espero a contribuição de meus leitores para fortalecer ou transviar meus pontos de vista.
Um caloroso abraço de Rodrigo Rosa
domingo, 6 de setembro de 2009
QUAL A MELHOR RELIGIÃO?
Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e o Dalai Lama.
Leonardo Boff explica:
"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos,
na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos,
eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico,
lhe perguntei em meu inglês capenga:
- "Santidade, qual é a melhor religião?" (Your holiness, what`s the best religion?)
Esperava que ele dissesse:
"É o budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo."
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos
- o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia
contida na pergunta - e afirmou: "A melhor religião é a que mais
te aproxima de Deus, do Infinito".É aquela que te faz melhor."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta,
voltei a perguntar:
- "O que me faz melhor?"
Respondeu ele:
-"Aquilo que te faz mais compassivo" (e aí senti a ressonância tibetana, budista,
taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado,
mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético...
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..."
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje
estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...
Não me interessa amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião.
O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo...
Lembremos:
"O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos".
A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se ajo com o mal, receberei o mal.
Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade: "terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros".
Para muitos, ser feliz não é questão de destino. É de escolha.
Leonardo Boff explica:
"No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos,
na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos,
eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico,
lhe perguntei em meu inglês capenga:
- "Santidade, qual é a melhor religião?" (Your holiness, what`s the best religion?)
Esperava que ele dissesse:
"É o budismo tibetano" ou "São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo."
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos
- o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia
contida na pergunta - e afirmou: "A melhor religião é a que mais
te aproxima de Deus, do Infinito".É aquela que te faz melhor."
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta,
voltei a perguntar:
- "O que me faz melhor?"
Respondeu ele:
-"Aquilo que te faz mais compassivo" (e aí senti a ressonância tibetana, budista,
taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado,
mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... Mais ético...
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião..."
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje
estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável...
Não me interessa amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião.
O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo...
Lembremos:
"O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos".
A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se ajo com o mal, receberei o mal.
Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade: "terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros".
Para muitos, ser feliz não é questão de destino. É de escolha.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
COMERCIO
Los famas habían puesto una fábrica de mangueras, y emplearon a numerosos cronopios para el enrollado y depósito. Apenas los cronopios estuvieron en el lugar del hecho, una grandísima alegría. Había mangueras verdes, rojas, azules, amarillas y violetas. Eran transparentes y al ensayarlas se veía correr el agua con todas sus burbujas y a veces un sorprendido insecto. Los cronopios empezaron a lanzar grandes gritos, y querían bailar tregua y bailar catala en vez de trabajar. Los famas se enfurecieron y aplicaron en seguida los artículos 21, 22 y 23 del reglamento interno. A fin de evitar la repetición de tales hechos. Como los famas son muy descuidados, los cronopios esperaron circunstancias favorables y cargaron muchísimas mangueras en un camión. Cuando encontraban una niña, cortaban un pedazo de manguera azul y se la obsequiaban para que pudiese saltar a la manguera. Así en todas las esquinas se vieron nacer bellísimas burbujas azules transparentes, con una niña adentro que parecía una ardilla en su jaula. Los padres de la niña aspiraban a quitarle la manguera para regar el jardín, pero se supo que los astutos cronopios las habían pinchado de modo que el agua se hacía pedazos en ellas y no servía para nada. Al final los padres se cansaban y la niña iba a la esquina y saltaba y saltaba. Con las mangueras amarillas los cronopios adornaron diversos monumentos, y con las mangueras verdes tendieron trampas al modo africano en pleno rosedal, para ver cómo las esperanzas caían una a una. Alrededor de las esperanzas caídas los cronopios bailaban tregua y bailaban catala, y las esperanzas les reprochaban su acción diciendo así: ¡Crueles cronopios cruentos!. ¡Crueles! Los cronopios, que no deseaban ningún mal a las esperanzas, las ayudaban a levantarse y les regalaban pedazos de manguera roja. Así las esperanzas pudieron ir a sus casas y cumplir el más intenso de sus anhelos: regar los jardines verdes con mangueras rojas. Los famas cerraron la fábrica y dieron un banquete lleno de discursos fúnebres y camareros que servían el pescado en medio de grandes suspiros. Y no invitaron a ningún cronopio, y solamente a las esperanzas que no habían caído en las trampas del rosedal, porque las otras se habían quedado con pedazos de manguera y los famas estaban enojados con esas esperanzas.
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Cortazar,
Historias de cronopios y de famas
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